A frase “Não falei que ia te pegar?” marcou o momento em que, segundo uma testemunha, o marido de Claudia Cristina da Silva Fernandes, de 53 anos, surpreendeu a empresária instantes antes dela ser morta em Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Espírito Santo.
O relato passou a fazer parte das investigações que levaram, nesta terça-feira (18), à prisão de Marcelo Fernandes, de 57 anos.
Marcelo se apresentou à delegacia, onde confessou o crime. De acordo com o delegado Felipe Vivas, o suspeito chegou à delegacia acompanhado de um advogado, foi ouvido pela equipe e encaminhado ao Centro de Detenção Provisória (CDP) do município.
O corpo de Claudia foi encontrado na manhã de domingo (16) em uma estrada de chão no bairro IBC, em Cachoeiro.
“Crime brutal e desproporcional”
O delegado, em entrevista a TV SIM/SBT, disse que o homem não deu detalhes sobre o crime, mas as investigações apontam que se trata de um feminicídio, em um contexto de um relacionamento conturbado.
“É um caso brutal, desproporcional, que causa repugnância, e vai servir como alerta para quem está em situação de violência doméstica familiar. A gente não sabe o que esperar do próximo, pode ocorrer uma lesão, mas pode acontecer algo mais grave. Fica a orientação para quem está nessa situação, que procure os órgãos competentes, peça medida protetiva e não sofra calada”, disse.
Segundo Vivas, a mulher já havia sido vítima de agressão, mas o caso nunca foi denunciado. “Talvez se tivesse estancado quando ocorreu o primeiro episódio, a gente não tivesse vivenciando esse episódio tão brutal que foi”, afirmou.

Depoimento da testemunha foi fundamental
Felipe Vivas também deu detalhes do depoimento da 3ª pessoa que estava no local do crime. O homem, que não teve a identidade revelada, disse para a polícia que conhecia a vítima há pouco tempo e narrou tudo o que aconteceu no momento em que o marido de Claudia os encontrou.
“Essa pessoa nos procurou, falando que tinha informações sobre o caso e explicou que estava conhecendo a vítima há cerca de uma semana e que ela narrou que estava em um processo de separação, que estava vivendo um momento conturbado no casamento, que precisava desabafar, procurando mais uma amizade mesmo. E aí eles combinaram de se encontrar, ele entrou no carro dela e em determinado ponto eles pararam para conversar”, disse.
Foi neste momento que o marido da vítima surgiu no carro da filha e os surpreendeu.
“Surgiu um feixe de luz, ela olhou pelo retrovisor e falou ‘É o Marcelo’. E ele: ‘Quem é Marcelo?’ e ela ‘É o Marcelo, é o Marcelo’. E aí o Marcelo vai até o vidro do carro e fala: Não falei que eu ia te pegar? E retorna para o veículo. Ela temendo pela vida do indivíduo, ela falou ‘corre, corre’ e saiu do carro, talvez na intenção de tentar acalmar o marido. E aí, cerca de 10 segundos depois, o rapaz que correu disse que ouviu um estrondo muito forte”, relatou.
A polícia acredita que Marcelo atropelou a mulher, atingindo a vítima com a caminhonete por várias vezes, e depois fugiu.

Movimentação antes e depois do crime
Câmeras do condomínio onde o casal morava registraram a movimentação de Marcelo durante a madrugada.
Segundo as investigações, Claudia deixou o condomínio às 00h38. Pouco depois, às 00h52, Marcelo saiu do local dirigindo uma caminhonete Hilux pertencente ao genro. Ele retornou cerca de uma hora depois, às 01h59 e 02h00, “escondendo as mãos”. Em seguida, trocou de roupa e saiu novamente, às 02h29, desta vez em seu carro particular, um Fiat Strada.

A Hilux utilizada na ação foi encontrada na garagem da filha do casal. Uma perícia identificou marcas de sangue no pneu, o que, segundo as investigações, reforça a suspeita de que o veículo tenha sido utilizado no atropelamento da vítima.
Claudia foi encontrada seminua, com o rosto desfigurado, caída em uma estrada de chão. Ela apresentava sinais compatíveis com atropelamento. Próximo ao corpo, havia um veículo com as janelas abertas e um amassado no porta-malas, reforçando a hipótese inicial levantada pelos investigadores.
O caso é tratado como feminicídio e segue sob investigação da Polícia Civil.
Saiba mais:





