Mounjaro ganha aval da Anvisa para tratar apneia do sono

Aprovado para uso em adultos com obesidade, o Mounjaro (tirzepatida) reduz crises respiratórias noturnas e melhora a qualidade do sono

Por ES360
Mounjaro tem a tirzepatida como princípio ativo. Foto: Divulgação

 

Um medicamento conhecido por ajudar na perda de peso agora entra em uma nova batalha: o combate à apneia do sono. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso do Mounjaro (tirzepatida) para tratar a apneia obstrutiva do sono em adultos com obesidade.

A decisão, anunciada na última segunda-feira (20), marca um avanço importante no tratamento de um distúrbio que atinge milhões de brasileiros e está diretamente ligado ao excesso de peso. O Brasil é o primeiro país da América Latina a autorizar o uso da tirzepatida para essa finalidade — movimento que segue a tendência de agências internacionais, como o FDA, dos Estados Unidos, que liberou o medicamento em 2024.

Como o medicamento atua

A tirzepatida já era utilizada no controle do diabetes tipo 2 e da obesidade, com resultados expressivos na perda de peso. Agora, estudos mostram que o remédio também reduz as interrupções respiratórias durante o sono, principal sintoma da apneia obstrutiva.

Segundo a médica Jessica Polese, especialista em Medicina do Sono e vice-presidente da Academia Brasileira do Sono (ABS), uma pesquisa publicada em 2024 na revista New England Journal of Medicine comprovou a eficácia da substância.

“A aprovação representa um avanço importante, especialmente porque a obesidade é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento e agravamento da apneia do sono”, afirma a médica.

De acordo com Jessica, a tirzepatida não atua diretamente nas vias respiratórias, mas ao provocar perda de peso significativa, diminui a pressão sobre o pescoço e melhora a oxigenação noturna. “Isso pode reduzir a gravidade da apneia e melhorar a qualidade do sono”, explica.

Complementar, não substituto

Apesar do entusiasmo, a especialista reforça que o Mounjaro não substitui o CPAP, equipamento mais utilizado no tratamento da apneia, nem dispensa acompanhamento médico.

“É preciso cautela. O tratamento deve levar em conta o grau da apneia, a presença de outras doenças metabólicas, a tolerância ao CPAP e o perfil de cada paciente. A tirzepatida é uma ferramenta complementar, e não uma solução isolada”, ressalta Jessica Polese.

Distúrbio comum e subdiagnosticado

A apneia obstrutiva do sono é caracterizada por paradas repetidas na respiração durante o sono, causadas pelo bloqueio parcial ou total das vias aéreas. O distúrbio provoca ronco intenso, sonolência diurna e está associado a doenças cardiovasculares, hipertensão e diabetes.

No Brasil, estima-se que mais de 30% da população adulta apresente algum grau de apneia, mas a maioria desconhece o problema ou não busca tratamento adequado.

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