O Brasil enfrenta um número significativo de gestações na adolescência. Dados recentes indicam que aproximadamente uma em cada 23 adolescentes entre 15 e 19 anos se torna mãe a cada ano, revelando uma realidade que vai muito além das estatísticas: trata-se de uma experiência carregada de complexidades emocionais e psicológicas.
Para a psicóloga Mariana Weigert de Azevedo, a maternidade precoce traz desafios únicos que exigem atenção cuidadosa. “Ser mãe ainda muito jovem é se deparar com uma responsabilidade intensa antes de ter desenvolvido plenamente sua própria identidade. Muitas adolescentes se sentem sobrecarregadas, ansiosas e inseguras sobre suas escolhas”, explica Mariana.
Segundo a especialista, o impacto emocional vai além do cansaço físico. “A adolescente pode vivenciar sentimentos de culpa, medo e frustração, além da dificuldade de conciliar a vida escolar, social e familiar. O suporte emocional é essencial para ajudá-la a lidar com a situação e encontrar formas de se organizar internamente”, acrescenta.
A terapia, nesse contexto, pode oferecer um espaço de escuta e acolhimento. Mariana reforça que é fundamental permitir que a jovem mãe reconheça suas angústias, dê lugar às suas emoções e encontre modos de expressar seus desejos e limites. “O acompanhamento psicológico contribui para que a adolescente crie vínculos mais seguros com o bebê e consigo mesma, prevenindo que o estresse e a ansiedade se tornem prejudiciais”, afirma.
Além disso, o apoio da família, da escola e da rede social é decisivo. Muitas vezes, a pressão social e a falta de compreensão agravam o sofrimento emocional. “A sociedade precisa oferecer acolhimento e possibilidades reais de apoio, evitando julgamentos que só aumentam a culpa e o isolamento da jovem mãe”, completa.
A maternidade precoce, portanto, é também um chamado para refletir sobre políticas públicas de educação sexual, acesso à saúde e acompanhamento psicológico, garantindo que adolescentes que se tornam mães recebam o suporte necessário para enfrentar essa experiência com dignidade e saúde emocional preservada.