No Brasil, a cachaça é mais que uma bebida: é história, cultura e identidade nacional. O Dia Nacional da Cachaça, celebrado em 13 de setembro, marca não apenas a relevância econômica da bebida, mas também sua simbologia. A data remete à Revolta da Cachaça (1661), quando produtores se insurgiram contra a proibição da Coroa Portuguesa, que favorecia o vinho europeu.
Essa tradição de resistência e persistência se reflete na história da Dose Clássica, marca capixaba que se tornou referência internacional em qualidade e inovação.
O empresário Ralphe Ferreira Júnior, hoje com 64 anos, iniciou a produção em 1980, em Santa Cruz, Aracruz, a 30 quilômetros de Vitória. Sem experiência técnica, acumulou erros nas primeiras tentativas e chegou a desistir após ouvir especialistas afirmarem que dali não sairia cachaça de qualidade.
“Na primeira vez, só saiu vapor. Depois, consegui um líquido sem gosto. Aí percebi que era preciso muito mais conhecimento técnico do que eu imaginava”, relembrou.
Apesar da descrença até do pai, que sugeriu abandonar o projeto, Ralphe insistiu. O alambique ficou parado por duas décadas até que, incentivado por um caseiro, voltou a experimentar. As primeiras garrafas, porém, não agradaram aos amigos: “Me derramaram cinco litros de cachaça na cabeça. Era tanto álcool que eu quase me afoguei”, contou, entre risos.
Da teimosia ao reconhecimento internacional
A persistência, somada ao apoio da família, fez nascer uma marca que hoje soma 20 anos de trajetória e 14 tipos de cachaça artesanais. Entre os prêmios conquistados, estão medalhas no Concurso Internacional de Bruxelas, a maior competição de destilados do mundo.
Entre os destaques:
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Dose Clássica Carvalho Americano: ouro em 2023, armazenada por dois anos em barris que conferem notas de baunilha e especiarias.
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Blend by Nelson Duarte: elaborado em parceria com o master blender considerado embaixador da cachaça no Brasil.
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Série Ouro: repousa em dornas de castanheira e é engarrafada em recipientes importados da França.
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Dose Clássica Cristal: dupla medalha de ouro em Bruxelas, uma das apenas quatro no Brasil.
“O concurso de Bruxelas é o mais rigoroso do mundo. Conquistar uma medalha lá é motivo de muito orgulho para nós e para o Espírito Santo”, afirmou Ralphe.
A corrida por novas medalhas
Em 2025, a Dose Clássica inscreveu três rótulos no concurso que será realizado no México: Castanha do Pará, Amburana e Dose Clássica .50. O processo de escolha contou com a consultoria de Nelson Duarte, que destacou a exclusividade do método de envelhecimento em diferentes madeiras como diferencial da marca.
Produção artesanal e diferenciais
Com produção anual de cerca de 30 mil litros, a Dose Clássica utiliza apenas cana de seu próprio canavial, colhida entre abril e setembro. Entre os diferenciais:
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Levedura exclusiva desenvolvida em laboratório de Ouro Preto.
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Processo de filtragem rigoroso, que garante pureza e preserva características naturais.
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Sistema de fogo direto no destilador, que mantém a autenticidade artesanal.
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Armazenamento variado, em inox ou madeiras como amburana, bálsamo, carvalho americano e castanheira.
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Envase sem diluição: a cachaça já sai do alambique no teor alcoólico adequado, dispensando adição de água.
“Nosso objetivo sempre foi qualidade, nunca quantidade. Por isso, cada garrafa mantém o sabor autêntico da cachaça artesanal”, reforçou o produtor.
Expansão e futuro
Atualmente, a Dose Clássica está presente em Aracruz, no Aeroporto de Vitória e em Jardim Camburi. Os planos de Ralphe são ousados: abrir novas lojas no Espírito Santo e, depois, expandir para outros estados.
“Queremos levar a experiência da boa cachaça a cada vez mais pessoas. A Dose Clássica mostra que é possível unir tradição, qualidade e inovação em um produto genuinamente brasileiro”, destacou o empresário.
Serviço
Cachaça Dose Clássica
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Alambique: Rodovia ES 010, km 33, Santa Cruz, Aracruz/ES
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Filial 01: Rua José Célso Cláudio, 135, Jardim Camburi – Vitória/ES
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Filial 02: Aeroporto de Vitória – Av. Roza Helena Schorling Albuquerque – Vitória/ES