Bebê queimado no ES tem cirurgia adiada e mãe relata aflição

Caso ocorreu no Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves, na Serra, e está sendo investigado por autoridades

Por Redação
Foto: Reprodução / Redes Sociais

O pequeno José, que vai completar uma semana de vida nesta terça-feira (26), segue internado após sofrer queimaduras graves no pé com apenas 10 horas de vida. O caso ocorreu na última terça-feira (19), no Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves, na Serra.

José foi transferido no dia seguinte para o Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória, referência no atendimento pediátrico do estado. O bebê passou por uma primeira cirurgia na última sexta-feira (22), e retornou ao centro cirúrgico nesta segunda-feira (25) para o segundo procedimento. Contudo, o segundo procedimento foi adiado, e a equipe médica decidiu realizar apenas curativos.

“Ele passou pela primeira cirurgia na sexta-feira, que foi o debridamento. Hoje, ele foi novamente para o centro cirúrgico para o segundo debridamento, mas fizeram apenas o curativo. O cirurgião conversou comigo após a cirurgia e explicou que decidiram não realizar o procedimento para ter mais cautela, evitando piorar a situação do pezinho dele em vez de melhorar”, relatou a mãe, Sara Peisino Barbosa.

Segundo a mãe, a transferência de José para o hospital infantil ocorreu devido à especialização da unidade no atendimento a crianças e à maior disponibilidade de recursos. “A equipe do Jayme nos transferiu para o Hospital Infantil, alegando que havia mais recursos específicos para o caso”, explicou Sara.

Sara agora aguarda ansiosa pela recuperação do filho. A previsão de alta ainda não foi divulgada pelos médicos, mas ela se mantém esperançosa. “Eu quero sair daqui com o meu filho sabendo que ele vai poder fazer as coisas normais, correr, brincar, pular. Não quero levar meu filho para casa com nenhuma sequela. Eu só quero levá-lo bem para casa, mesmo que isso leve um mês. O médico disse que vou precisar ter paciência. É angustiante, mas agora é esperar e torcer para que tudo dê certo, em nome de Jesus”, disse emocionada.

O caso

José sofreu as queimaduras no pé enquanto estava em uma incubadora no Hospital Dr. Jayme Santos Neves. De acordo com a mãe, que compartilhou seu relato nas redes sociais, o acidente ocorreu algumas horas após o nascimento do bebê.

Sara foi internada no hospital em 18 de agosto para indução do parto, devido a complicações na gravidez, como pressão alta não controlada por medicamentos. José nasceu saudável e sem complicações, mas teve a temperatura corporal levemente abaixo do ideal, o que levou a equipe médica a colocá-lo em um berço aquecido.

O episódio que causou as queimaduras teria ocorrido quando uma enfermeira aqueceu um pedaço de algodão em uma lâmina de brasa e o colocou na meia do bebê, com o macacão novamente vestido. José começou a chorar imediatamente. A avó de José percebeu um cheiro forte de queimado, retirou o macacão e a meia do bebê e constatou que ele havia sofrido queimaduras graves.

Investigações

O Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves, em nota, expressou solidariedade à família e informou que instaurou um processo interno para apurar os fatos.

O Conselho Regional de Enfermagem do Espírito Santo (Coren-ES) também se pronunciou, afirmando que não há protocolo de enfermagem que recomende o uso de algodão úmido para controle da temperatura de recém-nascidos. A Câmara Técnica Materno-Infantil do Coren-ES explicou que a estabilidade térmica de recém-nascidos deve ser garantida por equipamentos adequados, como incubadoras ou berços aquecidos.

“O Coren-ES esclarece que a técnica utilizada no caso não é recomendada, e que as responsabilidades serão apuradas com rigor”, afirmou a nota do conselho.

O Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES) informou que acompanha de perto o caso e aguarda os ofícios enviados às entidades responsáveis pela apuração. O MPES foi informado pelo Secretário Estadual de Saúde que o bebê está respondendo bem ao tratamento e recebendo acompanhamento de uma equipe de Cirurgia Plástica.

A Polícia Civil, por meio da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), também investiga o caso, que segue sob sigilo devido à natureza do envolvimento de menor de idade.

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