Um relatório da Polícia Federal, baseado em informações do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), identificou que o ex-presidente Jair Bolsonaro movimentou R$ 30,5 milhões entre março de 2023 e fevereiro de 2024, em operações financeiras consideradas suspeitas de lavagem de dinheiro e outros ilícitos penais.
O documento, elaborado pelo Serviço de Análise de Operações Policiais da PF, analisou RIFs (Relatórios de Inteligência Financeira) do Coaf que detalharam transações envolvendo Bolsonaro, o filho dele Eduardo Bolsonaro e pessoas próximas.
Segundo a análise, entre 1º de março de 2023 e 7 de fevereiro de 2024, Bolsonaro recebeu R$ 30.576.801,36 em créditos e realizou R$ 30.595.430,71 em débitos.
Origem dos créditos:
- Pix: R$ 19,2 milhões (mais de 1,2 milhão de operações);
- Aplicações em CDB/RDB: R$ 8,7 milhões;
- Operações de câmbio: R$ 1,4 milhão;
- Proventos: R$ 373 mil.
Destino dos débitos:
- Aplicações em CDB/RDB: R$ 18,3 milhões;
- Transferências via DOC/TED: R$ 7,5 milhões;
- Pagamento de títulos: R$ 1,5 milhão;
- Pix: R$ 1,1 milhão.
O PL (Partido Liberal), legenda à qual Bolsonaro é filiado, foi um dos principais remetentes de recursos, com R$ 291.708,41 em dez lançamentos nesse período.
Segundo a Polícia Federal, as comunicações de operações financeiras que estavam nos RIFs analisados para o documento não abrangem todas as movimentações realizadas na conta do ex-presidente, apenas as que aparentam indicar algum crime.
“Tais comunicações referem-se exclusivamente às operações identificadas pelos entes obrigados como possivelmente relacionadas à lavagem de dinheiro ou a outros ilícitos, dentro do período especificado na própria comunicação”, disse a PF.
“Essa prática decorre do cumprimento da Lei nº 9.613/1998, bem como das normas expedidas pelos órgãos reguladores dos respectivos setores econômicos em que atuam os comunicantes. Esse conjunto normativo constitui o denominado sistema de prevenção e controle da lavagem de dinheiro”, acrescentou a corporação.