A Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) está inserida em um dos projetos mais ambiciosos da astronomia moderna: o Observatório Vera Rubin, instalado no deserto do Atacama, no Chile. O local abriga o maior telescópio fotográfico do mundo, o LSST (Large Synoptic Survey Telescope), que promete mapear todo o céu do Hemisfério Sul com imagens em altíssima resolução, revelando detalhes sobre a matéria escura e outros mistérios do universo.
Do céu do Chile aos laboratórios do ES
Desde 2019, o grupo do Cosmo/Ufes contribui com o projeto ao lado de instituições internacionais. “O LSST é um marco global e também uma oportunidade para formar cientistas brasileiros altamente qualificados”, afirma o professor Valério Marra, coordenador do núcleo e um dos principais nomes do grupo brasileiro que integra o consórcio internacional do telescópio.
Além dos físicos, o projeto também mobiliza engenheiros e especialistas em computação da universidade. A quantidade de dados gerados pelo Vera Rubin é tão grande que exige redes de transmissão inovadoras, com velocidades que ultrapassam os 6 terabits por segundo.
Uma dessas inovações é o sistema PolKA, desenvolvido durante o doutorado da professora Cristina Dominicini no Programa de Pós-Graduação em Informática da Ufes, com orientação do professor Magnos Martinello. O sistema permite o roteamento de dados com mais eficiência e confiabilidade e foi adotado em fase de testes para uso nas redes que suportam o LSST.
A tecnologia, que não existe em equipamentos comerciais, já rendeu prêmios à Ufes. Em 2021, o PolKA foi o único projeto da América Latina a receber o Google Research Scholar. No ano seguinte, recebeu apoio da Intel, que forneceu equipamentos de última geração para o laboratório da universidade.
Pesquisa descentralizada e conectada
A atuação da Ufes não se limita à capital. Pesquisadores de diversos campi do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) também participam da rede, ampliando a interiorização da ciência no estado. As análises de dados astronômicos são feitas em colaboração com o laboratório Linea e instituições nacionais e internacionais, como a RNP, Amlight e o grupo GNA-G.