O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, reagiu com dureza à decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras a partir de 1º de agosto de 2025. Em declaração nas redes sociais oficiais, Casagrande classificou a medida como um “retrocesso” e criticou o caráter ideológico da decisão, que, segundo ele, ignora os interesses econômicos dos dois países em favor de uma agenda política.
“As tarifas impostas pelo Presidente Donald Trump ao Brasil representam um retrocesso. Como governador de um estado com relevante comércio internacional, defendo o comércio justo, o respeito entre as nações e o diálogo acima de disputas políticas. A medida atende a motivações ideológicas, não aos interesses do povo brasileiro e americano”, afirmou o governador.
A reação de Casagrande ocorre em meio à crescente preocupação de empresários capixabas com os impactos da nova política tarifária, especialmente sobre setores estratégicos como rochas ornamentais, aço, celulose, café e minério de ferro. Em 2024, os Estados Unidos absorveram 28,6% das exportações do Espírito Santo, gerando um superávit comercial de mais de US$ 1 bilhão para o estado — agora ameaçado pela mudança nas regras do comércio bilateral.
Indústria de rochas sob ameaça
Um dos setores mais atingidos é o de rochas ornamentais, que teve 82,3% de suas exportações destinadas aos EUA no último ano. A Associação Brasileira de Rochas Naturais (Centrorochas) alertou que a tarifa coloca o Brasil em desvantagem frente a concorrentes como China, Índia e Itália, comprometendo a competitividade e ameaçando milhares de empregos.
Findes critica viés político
A Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) também criticou a medida, classificando-a como “severa, unilateral e de viés político-partidário”. A entidade reforçou que a abertura econômica do Espírito Santo, embora positiva para o desenvolvimento, expõe o estado a choques externos imprevisíveis. “Decisões comerciais não devem ser reféns de disputas políticas internas”, afirmou o presidente da Findes, Paulo Baraona.
A crise, que teve origem em uma carta de Trump ao presidente Lula — recheada de críticas ao Supremo Tribunal Federal e elogios ao ex-presidente Jair Bolsonaro —, acirra as tensões entre os dois países e lança incertezas sobre a estabilidade comercial.
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