Mais de 800 touros ‘melhoradores’ foram vendidos em feira do programa Pró-Genética no Espírito Santo. A marca foi alcançada na última semana, durante a feira realizada no município de Colatina, onde foram adquiridos pelos produtores da região mais 22 touros PO (Puro de Origem) com RGD (Registro Genealógico Definitivo), certificados pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ). Para o governo do Estado, esse marco consolida a importância da ação como política pública para o fortalecimento da pecuária capixaba.
No Espírito Santo, as feiras integram as ações do projeto Bovinocultura Sustentável, coordenado pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper). O objetivo é facilitar o acesso à compra de animais de genética superior, promovendo o melhoramento genético dos rebanhos leiteiros e de corte em pequenas e médias propriedades rurais, com foco no aumento da produtividade e da renda dos produtores. Desde que o Estado aderiu ao programa, em 2009, já foram realizadas 45 feiras, com investimento dos pecuaristas na aquisição de 806 touros.
Além da comercialização de animais, nas feiras ocorre o intercâmbio de conhecimento entre produtores, técnicos e especialistas. A programação incentiva a integração entre ciência, inovação e sustentabilidade no campo.
“O produtor tem a oportunidade de adquirir genética de ponta perto de casa. Cada vez mais, o rebanho da nossa região ganha em rendimento, crescimento e produção. A feira é uma iniciativa muito importante para o avanço genético tanto do rebanho de corte quanto do leiteiro”, destaca o extensionista do Incaper Anderson Marim, que atuou na organização da feira em Colatina.
Segundo o gerente regional da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu, Roberto Winkler, a realização das feiras no Espírito Santo tem sido marcada por uma articulação eficiente entre instituições públicas e o setor produtivo.
“Desde 2009, o Incaper realiza um levantamento prévio da demanda entre os pequenos produtores da região, identificando as raças desejadas. A partir disso, a ABCZ organiza a feira, levando os criadores com os touros disponíveis. Esse canal de comercialização direta tem funcionado muito bem, com preços acessíveis e impacto comprovado na produtividade dos rebanhos”, salienta Winkler.
Colatina
Segundo a ABCZ, na feira de Colatina foram disponibilizados 53 touros, dos quais 22 foram vendidos; um número superior ao da edição anterior no município. Ainda segundo a associação, os preços praticados variaram entre 40 e 60 arrobas de boi gordo, o que torna os animais acessíveis a pequenos produtores. Os animais vendidos nessa edição são das raças Guzerá, Tabapuã e Nelore.
“A feira de Colatina atendeu as nossas expectativas, com maior participação do público em relação à edição anterior. Isso mostra o fortalecimento do programa na região e o interesse crescente dos produtores pela melhoria do rebanho”, afirma o coordenador de Produção Animal do Incaper, Bernardo Lima.
A Feira Pró-Genética de Colatina foi uma realização da Prefeitura, em parceria com a ABCZ, Incaper, Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf), Secretaria da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), Fundagres Inovar e o Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) – Campus Itapina, onde o evento foi realizado.
Impactos socioeconômicos e tecnológicos
Para o Incaper, além de promover avanços na qualidade genética dos rebanhos, as feiras do Pró-Genética geram impactos socioeconômicos positivos nas comunidades rurais. “Um projeto de pesquisa desenvolvido pelo Incaper avaliou os efeitos da ação como política pública no Espírito Santo e comprovou que a introdução de touros melhoradores aumenta a produtividade e agrega valor aos bezerros nascidos nas propriedades”.
“Antes da utilização dos touros melhoradores, os produtores leiteiros enfrentavam dificuldades para comercializar os animais excedentes, especialmente os machos leiteiros, que tinham baixo valor de mercado. Com a introdução da genética zebuína de corte, os bezerros passaram a apresentar melhor padrão racial, maior peso à desmama e desempenho zootécnico superior, características que resultam em maior valorização no momento da venda”, pontua.
Genética
“Os produtores relatam que, com os touros do Pró-Genética, passaram a diversificar e a aumentar a renda. É possível realizarmos acasalamentos com touros de corte, em parte das fêmeas leiteiras, produzindo bezerros com melhor padrão racial, que são mais valorizados e têm melhor saída no mercado. Muitos continuam investindo em genética após participarem das primeiras feiras, porque os resultados são visíveis no desempenho do rebanho e no retorno financeiro”, ressalta o extensionista do Incaper, Roberto Sobreira, responsável pela pesquisa.
Um exemplo dos benefícios percebidos pelos produtores é o caso do agricultor Rodrigo Manhani, que adquiriu um touro da raça Guzerá em uma feira realizada em 2015, no município de Itaguaçu. “O bezerro que esse boi Guzerá me dá é de encher os olhos. Você tem que ver: cada um melhor que o outro. Já faz anos que comprei e o touro segue aqui produzindo com qualidade”, conta o produtor.