Um novo lar, um recomeço e um projeto que transforma vidas. Foi assim a entrega da primeira casa ecológica construída por internos do sistema prisional capixaba, entregue nesta segunda-feira (7), no bairro Campo Verde, em Viana. A moradia, feita com cerca de 13 mil tijolos ecológicos produzidos por presos da Penitenciária Agrícola do Espírito Santo (Paes), agora abriga o casal Gilmar da Conceição Gonçalves e Eliane Telles da Silva, que vivia em uma estrutura improvisada de lona após um incêndio.
A casa de 44 metros quadrados possui dois quartos, sala, cozinha e banheiro. Ao todo, 30 internos trabalharam ao longo de oito meses, desde a fundação até o acabamento. A ação faz parte do projeto Ressocializar Sustentável, da Secretaria da Justiça (Sejus), em parceria com a Prefeitura de Viana.
Além de erguer a estrutura, os detentos também participaram da produção da mobília, por meio da Marcenaria Jequitibá, da Penitenciária Estadual de Vila Velha 3. A família recebeu cama, mesa com cadeiras, armários, estante, cômoda e até baús organizadores — todos feitos à mão pelos internos.
Para o secretário de Estado da Justiça, Rafael Pacheco, a entrega representa mais do que um ato social: é uma prova de que a ressocialização é possível. “A construção da casa ecológica feita por internos capacitados demonstra o potencial do sistema prisional como ferramenta de transformação social”, afirmou.
O imóvel, projetado pelo arquiteto voluntário Nilson Freire, também ganhou um jardim com flores e plantas cultivadas na própria penitenciária. “Os moradores acompanhavam cada fase da obra com esperança. Hoje, entregamos não só uma casa, mas uma nova história”, contou a diretora da unidade, Leizielle Marçal.
O prefeito de Viana, Wanderson Bueno, reforçou o valor da parceria entre Estado e município. “É com união, sustentabilidade e solidariedade que transformamos realidades. Essa casa representa um futuro mais justo”, disse.
Os tijolos utilizados na construção são feitos com saibro, areia e cimento, prensados com tecnologia hidráulica e sem necessidade de queima, o que reduz custos e impactos ambientais. Além disso, têm sistema de encaixe que dispensa acabamento tradicional e usam menos argamassa.
Essa foi a primeira de outras casas que devem ser construídas com a mesma tecnologia e proposta social. Para Gilmar e Eliane, é a chance de um novo começo — e um teto digno para chamar de lar.
