A polícia capixaba divulgou, nesta quinta-feira (19), as conclusões da investigação sobre a morte de um menino de 14 anos, jogador de futebol, que ocorreu no dia 25 de setembro, numa residência em Cariacica. De acordo com os resultados da perícia – que utilizou lasers, varetas e reconstrução 3D – o tiro teria sido disparado pelo próprio atleta contra ele mesmo. O ferimento na cabeça foi fatal.
As avaliações foram das Polícias Civil e Científica do Espírito Santo (PCIES). A perícia utilizou a experiência da equipe e equipamentos de tecnologia de ponta, o que permitiu reconstituir detalhadamente as circunstâncias do acidente. “Nossa equipe empregou métodos avançados para garantir a precisão das perícias, respeitando a sensibilidade do caso”, declarou Carlos Alberto Dal-Cin, perito oficial geral da PCIES.
Murilo Costa Felix Oliveira, de 14 anos, jogador de futebol, foi baleado no dia 21 e teve a morte confirmada no dia 25. Murilo era jogador da equipe sub15 do Porto Vitória, time de futebol capixaba. Ele estava na casa de um amigo, de 15 anos, manuseando uma arma, quando o disparo aconteceu, segundo o Boletim de Ocorrência.
COMO FOI A INVESTIGAÇÃO?
De acordo com as equipe, o exame de local, embora realizado em cena já alterada devido ao socorro prestado à vítima, permitiu a coleta de evidências cruciais. “Registramos as manchas de sangue, determinados o ponto de impacto do projetil, e recuperamos o projetil responsável pela lesão fatal, elementos essenciais para nossa análise”, explicou o perito Onésio Barbosa, do Departamento de Perícias Externas (DEPEX).
A explicação das autoridades frisa que “é preciso destacar que as técnicas periciais utilizadas para a análise da trajetória do disparo, utilizando lasers e varetas de trajetória balística, são suficientes para as conclusões da perícia. O uso da tecnologia de reconstrução 3D substitui a reconstituição física, diminuindo a exposição dos familiares ao evento traumático e facilitando a visualização das demais partes no processo a respeito do ocorrido”.
Entre os equipamentos importantes para essa conclusão foi utilizado um scanner de última geração, cedido com colaboração do Corpo de Bombeiros com a Polícia Científica.
“Ao utilizar tecnologia de escaneamento 3D, a PCIES conseguiu criar representações detalhadas e da cena, facilitando a apresentação clara e objetiva dos resultados em juízo. Além disso, a metodologia respeita a privacidade das vítimas e suas famílias e minimiza riscos de segurança associados a reconstituições físicas”, explica o comunicado.
Análises laboratoriais: vítima realizou o disparo fatal
O Laboratório de Química Forense (LABQUIM) da PCIES conduziu um exame residuográfico nas mãos da vítima.
“Os resultados, obtidos através de microscopia eletrônica de varredura, confirmaram a presença de resíduos de disparo na mão direita da vítima”, revelou a Priscila Lang Podratz, responsável pela análise. Este exame foi realizado em cooperação com o Setor de Balística Forense da Polícia Federal, em Brasília.
Exames em celulares
O chefe do Departamento de Perícia de Eletrônicos (DEPE), Marcos Barbosa, informou que foram periciados três smartphones, com êxito na extração de dados de dois aparelhos.
“Com o cuidado forense de preservação e integridade dos dados, foram extraídos vários arquivos de mensagens, dados de aplicativos e dados de mídia, totalizando mais de 100 GB”, explicou Barbosa.
As análises revelaram conversas cruciais, incluindo relatos do interlocutor presente no momento da tragédia, que demonstravam o caráter acidental do fato, além de informações sobre a posse da arma e pedidos de ajuda a amigos.