O que diz a última ata do Copom sobre os juros e a inflação

O documento reforçou que a decisão da semana passada de elevar a Selic de 11,25% para 12,25% foi unânime

Por Agência Estadão
Prédio do Banco Central em Brasília. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

O Comitê de Política Monetária (Copom) detalhou no parágrafo 12 da ata da reunião passada divulgada nesta terça-feira, 17, os pontos que têm levado a inflação corrente e as expectativas para um nível acima do desejável e do esperado. O movimento levou o colegiado a aumentar a Selic em 1 ponto porcentual, para 12,25% ao ano. “O cenário de inflação de curto prazo se deteriorou”, resumiu o documento.

O grupo enfatizou que os vetores inflacionários se intensificaram desde a reunião anterior (de novembro), como hiato do produto mais positivo, o mercado de trabalho ainda mais dinâmico, a nova depreciação cambial, a inflação corrente mais elevada e as expectativas de inflação mais desancoradas. Esse conjunto de variáveis, de acordo com o Copom, tornou a convergência da inflação à meta mais desafiadora.

A ata cita que os preços de alimentos se elevaram de forma significativa, em função, dentre outros fatores, da estiagem observada ao longo do ano e da elevação de preços de carnes, também afetada pelo ciclo do boi. Esse aumento, conforme o colegiado, tende a se propagar para o médio prazo em virtude da presença de importantes mecanismos inerciais da economia brasileira.

Com relação aos bens industrializados, a cúpula do BC identificou que o movimento recente do câmbio pressiona preços e margens, sugerindo maior aumento em tais componentes nos próximos meses. Por fim, os integrantes do comitê citam que a inflação de serviços, que tem maior inércia, segue acima do nível compatível com o cumprimento da meta em contexto de atividade dinâmica e aumentou nas observações mais recentes. “De fato, houve não só uma interrupção no processo desinflacionário, como uma maior pressão inflacionária nas últimas divulgações”, pontuaram.

Unanimemente pela sinalização de mais duas altas de 1pp na Selic

A ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada nesta terça-feira, 17, informou que a deliberação pela alta de 1 ponto porcentual da Selic e a expectativa de manter o ritmo nas duas próximas reuniões passou por duas dimensões bastante discutidas entre os seus membros. Para o colegiado, a magnitude da deterioração de curto e médio prazo do cenário de inflação exigia uma postura mais tempestiva para manter o firme compromisso de convergência da inflação à meta.

Os integrantes da diretoria do Banco Central também debateram que os “vários riscos se materializaram”, tornando o cenário mais adverso, mas menos incerto, e permitindo maior visibilidade para que o Comitê oferecesse uma indicação de como antevia as próximas decisões. O documento reforçou que a decisão da semana passada de elevar a Selic de 11,25% para 12,25% foi unânime, assim como a comunicação de que, em se confirmando o cenário esperado, antevê ajuste de mesma magnitude nas próximas duas reuniões.

Veja também

Privacidade

Para melhorar a sua navegação, nós utilizamos Cookies e tecnologias semelhantes.
Ao continuar navegando, você concorda com tais condições.