OMS recomenda que países desenvolvam vacinas para cepas de gripe animal

Os governos devem investir em vacinas para todas as cepas do vírus da gripe que existem no reino animal como medida de segurança no caso de um surto em humanos, disse o novo cientista-chefe da OMS (Organização Mundial da Saúde) na segunda-feira (20).

Países como Estados Unidos, Grã-Bretanha, França e Japão sofreram perdas recordes de aves devido a surtos de gripe aviária desde o ano passado.

A recente disseminação do vírus H5N1 para mamíferos – comumente conhecido como gripe aviária – deve ser observada, mas o risco para humanos permanece baixo, disse a OMS no início deste mês.

O novo cientista-chefe da pasta, Jeremy Farrar afirmou que gostaria de ver a indústria farmacêutica conduzir pelo menos alguns ensaios clínicos para todas as cepas de gripe, para que o mundo não tivesse que começar do zero para iniciar a fabricação global em caso de necessidade.

“Estou preocupado por estarmos testemunhando em câmera lenta algo que pode nunca acontecer”, acrescentou ele em entrevista coletiva. “Mas se isso acontecesse, olharíamos para o que estamos fazendo agora e diríamos: por que não fizemos mais?”

Farrar é um cientista clínico que recentemente ocupou o cargo de diretor do Wellcome Trust. Ele foi nomeado cientista-chefe da OMS em dezembro e ingressará formalmente na agência ainda este ano.

Atualizações recentes
A gripe aviária atingiu novos cantos do mundo e se tornou endêmica pela primeira vez em algumas aves selvagens que transmitem o vírus a frangos criados em granjas, de acordo com veterinários e especialistas em doenças, que alertam que agora é um problema que dura o ano todo.

A prevalência do vírus na natureza sinaliza que surtos recordes não diminuirão em breve nas granjas, aumentando as ameaças ao suprimento mundial de alimentos. Especialistas alertam que os agricultores devem ver a doença como um risco sério durante todo o ano, em vez de concentrar os esforços de prevenção durante as estações de migração das aves selvagens na primavera.

Os surtos do vírus continuaram nas Américas do Norte e do Sul, Europa, Ásia e África, desde que uma cepa chegou aos Estados Unidos no início de 2022 geneticamente semelhante a casos na Europa e na Ásia.

Argentina e Uruguai já declararam emergências sanitárias nacionais depois que autoridades confirmaram as primeiras infecções nos países. A Argentina encontrou o vírus em aves selvagens, enquanto cisnes mortos no Uruguai deram positivo.

A forma do vírus que circula está infectando uma gama mais ampla de aves selvagens do que as versões anteriores, incluindo aquelas que não migram longas distâncias, disse David Suarez, diretor interino do Laboratório de Pesquisa de Aves do Sudeste do governo dos EUA na Geórgia.

Essas infecções de aves “residentes” estão ajudando o vírus a persistir ao longo do ano, quando não ocorria anteriormente.